segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Crepúsculo


Escurece.. A noite cai sobre o dia quente, o negro invade o crepúsculo que abandona a cidade, até amanhã.

Um fim de tarde à boa maneira madeirense, místico, suave, caloroso e tranquilo. 

Assim termina um dia.. um dia desocupado, mais um das longas férias, uma desocupação que nos permite apreciar os pormenores, fechar as pálpebras e abrir um olhar por todos os fios de brilho de paz envolventes.
Assim começa uma noite..  Noite em que o corpo desidratado sente falta de líquidos.. o ópio do Verão, o negócio de muitos, a desgraça de tantos mais. Alimenta almas sedentas de fogo, traz à memória o passado enterrado, produz zaragatas, fomenta ódios, remorsos, amores dissipados e encantos passageiros, é a droga de muitos que se refugiam das complicações, da flexibilidade mental e comportamental.

Sede de fogo é o mal de vidas desocupadas.. em demasia.

Uma manhã radiante, uma tarde sensacional, um fim de tarde .. o meu fim de tarde. 
Débora Gomes

sábado, 9 de agosto de 2008

Alívio poente

Inconfundível ...

Habituámo-nos à singularidade desta nossa terra, que em todos os ângulos encontra uma particularidade. Nela embarcam esperanças, nela embarcam sonhos, promessas de um futuro melhor, garantido e abastado, ganâncias da vida contemporânea que desvalorizam o que de bom a terra tem para oferecer.
Já em 95, os passeios de AfricaTwin à beirinha da fronteira com o mar faziam-me arrepiar, agarrar-me bem e fechar os olhos.. É a terra.. a terra que nos prende, que nos ampara, o porto seguro que nos traz as boas novas e garante a continuidade da rotina. Mas viver é diversificar, é não pensar no amanhã, a rotina dá-nos segurança. Viver não é estar seguro, viver é ser livre.
Ai .. as belas tardes da minha infância, os passeios com o Pai, a mota .. como eu gostava daquela mota.
Funchal, um berço, uma cama, uma campa, o meu tesouro.

Inconfundível ...
Débora Gomes